Apresentando resultados: a importância das aparências
Quando se apresentam resultados em pesquisa, é comum a necessidade de organizar informação geralmente complexa de forma que ela seja não só atraente, mas totalmente acessível e compreensível ao público. E aqui entram os princípios da comunicação visual. Talvez um dos mais importantes seja a consciência sobre a irressitível natureza humana de buscar por padrões. Nossos olhos procuram a regularidade, e nossa mente responde melhor à normatização do que ao caos. Padrões trazem segurança, confiabilidade, certeza. E facilitam o entendimento.
Então, quando uma equipe de pesquisa está preparando a apresentação visual dos dados e respostas apurados no projeto, é esse senso de “acerto”, de “correto” que procuramos; a maneira como mostramos os resultados deve refletir sua qualidade. E para isso, é preciso que recorramos um pouco à teoria, um pouco ao talento, mas, principalmente, ao bom senso – afinal, gostamos naturalmente mais daquilo que é visualmente atraente, agradável, inteligível, ordenado.
Na prática, aquilo que “funciona” visualmente pode ser descrito como algo que tem cor suficiente, espaço em branco suficiente e conteúdo disposto de forma a ser irresistível ao olhar. Simples? Nem tanto, considerando a natureza dos elementos com que trabalhamos.
A apresentação visual de dados é amplamente utilizada em pesquisa, e a maneira como isso é feito tem um impacto significativo no quão bem o conhecimento ali exposto é entendido, interpretado e posteriormente utilizado. As questões estéticas, se isoladas são secundárias, quando combinadas a aspectos de organização, hierarquização e categorização de dados se tornam decisivas para o sucesso de relatórios e apresentações.
Connie Malamed, no seu site Understanding Graphics – Design for the Human Mind, traz muita informação útil sobre as formas com que o cérebro e os olhos reagem à exposição de dados, além de dicas para criar melhores tabelas e gráficos. E, falando em tabelas, existem muitas formas de tornar até as mais complexas em elementos visualmente mais agradáveis, como se pode ver no excelente artigo de Roger Atrill na comunidade Béhance – http://www.behance.net/gallery/Designing-Effective-Data-Tables/885004.
Um passo além das tabelas e gráficos mais simples estão os infográficos. Visualmente mais refinados, trazem no entanto uma noção de priorização de informação que nem sempre pode ser o mais interessante para a audiência do projeto de pesquisa. É virtualmente impossível (e tecnicamente não recomendável) colocar em um infográfico todo o volume de dados que poderia estar em uma completa tabela; assim, a necessidade ou não dele só pode ser definida de acordo com a finalidade. Usualmente, utiliza-se a solução combinada, apresentando os aspectos mais importantes da pesquisa através de recursos mais ou menos complexos de infografia, ao mesmo tempo em que se disponibiliza os dados completos como anexos ou referência.
Infografia, se não é arte, é certamente um trabalho que requer recursos mais robustos e conhecimentos mais aprofundados de design, combinados a uma apurada capacidade de análise. O trabalho da Visual.ly [Visual.ly] companhia norteamericana especializada no assunto, é um bom exemplo.
No entanto, existem noções básicas da infografia (e do design) das quais podemos nos apropriar para aprimorar apresentações. Elas estão aqui bem representadas, como “Os oito mandamentos da boa visualização”, inspirados em Edward Tufte – estatístico americano conhecido pelo seu trabalho fundamental em design da informação e visualização de dados.
Os oito mandamentos da boa visualização
- Analisar é comparar. Portanto, se existem dados sendo comparados, ou se queremos que o leitor os compare, isso deve estar claro e disposto de acordo.
- Relacione causas e consequências – através de recursos simples como posição, ordem, conectivos como setas.
- Se quer uma visão ampla de um assunto, concentre o maior número de variáveis possível na sua tela ou página.
- Estas visões amplas são definitivamente enriquecidas pelo uso de visões pormenorizadas – ou seja, cruzamentos específicos e focados representados de forma simples.
- Integre palavras, números e imagens; se todos se referem à mesma informação, devem estar próximos.
- Conteúdo, acima de tudo. O visual mais caprichado não poderá salvar dados defasados ou pobres.
- Toda informação que queremos correlacionar deve estar visível ao mesmo tempo – seja na mesma tela, seja na mesma página.
- Não despreze as quantidades. Números são universais, intuitivos e esclarecedores, use-os sempre.
Estes princípios são clássicos, e é difícil pensarmos em uma situação em que não se apliquem. Afinal, se referem ao “pensar visual” – algo que é natural em todos nós. Pense, conclua… e apresente!
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