Pessoas, informação e a entrega de pesquisas
Pesquisa é feita por pessoas, com pessoas, para que pessoas usem… e por isso mesmo é um universo extremamente sujeito às mudanças comportamentais que acontecem o tempo todo com essas pessoas.
Vivemos hoje em um contexto de informação múltipla, superacessível, em quantidade enorme e disponível. O que nos move para primeiro busca-la, depois seleciona-la, então aplica-la, é o propósito que temos; por que queremos saber?
A lógica não é diferente quando as pessoas e suas organizações buscam esse conhecimento através da pesquisa. E por isso mesmo, aquilo que a pesquisa entrega precisou evoluir – e continua evoluindo – no compasso da relação contemporânea entre as pessoas e a informação.
Se um cenário que nos cerca de informação poderia, em princípio, nos trazer “respostas” mais rápidas, o que vivenciamos na prática é que a necessidade de ferramentas e de inteligência no sentido de filtrar, interpretar e compreender a informação se evidencia. A velocidade em que dados são gerados e adquiridos se multiplicou, sim; o acesso a eles também; mas algo permanece: conhecer é filtrar. É selecionar, cruzar, entender informação.
Então, o que hoje vivemos é sim uma realidade que nos dá maior acesso à informação – e isso exige dinâmicas de geração de conhecimento mais e mais refinadas e eficientes. E aí entram os novos formatos de entrega que têm dominado o mundo da pesquisa.
Antes os resultados de um projeto de pesquisa se materializavam principalmente em relatório de dados numéricos, gráficos e cruzamentos; quaisquer interpretações em vieses, digamos, mais humanísticos se relacionavam aos aspectos qualitativos nestes relatórios; a consistência destes resultados residia na complexidade dos dados levantados e na clareza de sua exposição.
O que vemos hoje é um tipo de materialização que, acompanhando o ritmo das pessoas cercadas de informação por todos os lados, precisou se aprofundar. Esse aprofundamento se mostra no tratamento daqueles dados numéricos, daqueles gráficos, que não mais se bastam em si mesmos; eles continuam presentes, sim, mas como base para análises contextualizadas, cruzamentos que extrapolam as tabelas e enveredam pela psicologia, pela sociologia, economia, história, geografia, pelas modernas abordagens antropológicas que correm a favor do tempo na urgência de manter em dia a compreensão dos agentes de sociedades modernas, moderníssimas.
Modernas, aliás, como são as visões multifacetadas de entendimento e compreensão que têm como alicerce a solidez quantitativa. São estas as visões que a pesquisa hoje busca entregar, e que geram não apenas dados, mas histórias a serem contadas sobre nossos temas analisados, nossos cenários avaliados, nossas pessoas perguntadas. Não é surpresa portanto que técnicas de storytelling se destaquem nos modernos formatos de entrega e apresentação de resultados de pesquisa; como também não é surpresa que a consistência destes resultados hoje resida na riqueza não dos dados, mas das respostas alcançadas – repostas entendidas como muito mais do que informação; entendidas como conhecimento, aquele, útil, aplicável, base para insights e tomada de decisão.
O leitor atento já pode notar que estamos falando na verdade de uma aproximação cada vez maior entre a pesquisa quantitativa e a qualitativa. Estaria a divisão quali e quanti caindo em desuso, ou melhor, deixando de fazer sentido? Fica aqui a pergunta, como tema para reflexão e também para um próximo post.

Uma forma criativa de apresentar resultados é a tagcloud. Esta aqui foi criada através do site wordle.net com palavras do universo da Expertise.